Ficha-Resumo
FATORES DETERMINANTES NA EPIDEMIOLOGIA E
TRANSMISSIBILIDADE DA DOENÇA CÁRIE.
Autor: Moreira M, Poletto MM, Vicente VA, Fatores determinantes na epidemiologia e transmissibilidade da doença cárie, Revista Odonto Ciência – Fac. Odonto/PUCRS, v. 22, n. 56, abr./jun. 2007.
O artigo tem por objetivo demonstrar a evolução das técnicas no estudo da epidemiologia e transmissibilidade do Sterptococos mutans. Entre os estreptococos bucais a bactéria S. mutans é reconhecida como a mais cariogênica devido a este fato vários estudos têm tentado identificar a fonte e sua transmissão entre humanos.A análise de DNA baseada em traços do genótipo oferece uma rápida e real identificação da bactéria, comparada com métodos baseados em caracterização do fenótipo, sendo que a genotipagem é a técnica mais sensível e reprodutível entre estes métodos, para o estudo epidemiológico e da transmissibilidade do S. mutans.
Estudos sobre o principal agente etiológico da cárie dental vêm sendo realizados há várias décadas, e através destes sorotipos raros (e,f,g) foram encontrados em dois sujeitos, e também em seus irmãos e mães, sugerindo transmissão intrafamiliar da bactéria.Na mesma década de 80 ,um potencial grau de variação na virulência e cariogenicidade foi observado entre diferentes linhagens. Desta forma concluiu-se que idosos podem servir juntamente com pais e irmãos como vetores na transmissão inicial de microrganismos para bebês.Logo após, na Inglaterra ,comprovaram que a maioria dos pais não compartilhava linhagens com outros da família, mas todas as crianças tinham pelo menos uma linhagem em comum com a mãe, sendo ela a maior fonte de infecção por S. mutans em crianças pequenas.Após estes estudos vários outros foram realizados em várias partes do mundo para descobrir transmissibilidade do S. mutans e dentro destes os resultados sugeriram que a criança adquire S. mutans tanto dentro quanto fora da família. Já na Suécia fizeram um estudo diferente,utilizando 11 famílias coletaram amostras da placa bucal e oclusal,sendo realizada genotipagem com digestão do DNA com endonuclease de restrição HaeIII, e comparação inicial e dois a cinco anos após. Oitenta por cento das crianças permaneceram com um ou dois genótipos similares nas duas ocasiões, porém algumas também ganharam um novo genótipo e todos os adultos apresentaram um ou dois genótipos iguais ao início, sendo que destes a maioria também perdeu um genótipo, e alguns apresentaram novos. Sugerindo que o genótipo de S. mutans tem grau considerável de consistência em crianças de três a oito anos e em adultos, com a persistência de linhagens ,porém alguns podem ganhar ou perder genótipos.
Já em outro estudo avaliando famílias suecas e chinesas, com um primeiro filho de três anos foram estudadas, através de isolamento de S. mutans obtido da placa bacteriana dental e análise do DNA pelos métodos REA e RAPD.Após dois e cinco anos depois os indivíduos foram reavaliados e o S. mutans foi detectado em 11 das 25 crianças suecas, indicando que mães e indivíduos fora da família eram as fontes de .contaminação. Comparado com as famílias suecas, a distribuição do genótipo nas famílias chinesas apontou para o fato que os pais tiveram um papel mais pronunciado como fonte de S. mutans,ou seja, a distribuição intrafamiliar da bactéria pareceu ser diferente nos dois grupos de famílias com diferentes contextos culturais . A transmissibilidade também foi pesquisada por Spolidorio em 22 famílias brasileiras. As colônias de S. mutans foram isoladas, caracterizadas bioquimicamente com base na fermentação de carboidratos, e o polimorfismo genético foi pesquisado através da técnica de AP-PCR, utilizando-se o primer OPA-13, concluindo que a técnica foi eficaz em demonstrar o polimorfismo genético de S. mutans.
Os estudos confirmam a transmissibilidade da bactéria S. mutans e a identificação da fonte de transmissão é essencial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção da cárie dental. Hábitos individuais, familiares e até culturais como freqüência e consumo de carboidratos,ou higienização bucal estariam regulando fortemente o estabelecimento e desenvolvimento do potencial cariogênico da bactéria, já que considerando a etiologia multifatorial desta doença, verifica-se que para o seu desenvolvimento, há a necessidade que a bactéria colonize a cavidade bucal, dependendo para tanto de fatores intrínsicos do hospedeiro como capacidade tampão da saliva e pH, composição e morfologia Dental.
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